Logo que comecei a correr, às vésperas dos 40 anos, algumas pessoas tentaram me desencorajar: “toma cuidado com o joelho, você não é mais nenhuma jovem…”; “ih, correr faz o peito e a bunda caírem”; “o rosto fica igual a um maracujá, hein?”
Logo que eu comecei a correr, li um texto da escritora e roteirista Fernanda Young que me encorajou. Até decorei um trecho, que virou meu mantra: “Dizem, os invejosos, que correr envelhece. Bom, o tempo envelhece. E eu prefiro enfrentá-lo na minha melhor forma. Eu corro porque nunca tendo sido gostosa, correndo, jamais ficarei caída.”
Olhando essas fotos, o que você acha: correr envelhece? E nunca fiz aplicação de botox ou lipo…
Meu treinador, o Marcos Paulo Reis, várias vezes disse que a corrida caiu muito bem para mim. Eu também acho. O esporte melhorou meu corpo e meu estado de espírito, me trouxe energia, confiança, determinação, brilho nos olhos, sorriso no rosto. Parecer mais jovem foi uma consequência natural disso tudo.
Informo que sempre corri três vezes por semana. Geralmente no parque ou na rua – recentemente é que tenho usado um pouco mais a esteira na academia. Nas atividades externas, os cuidados são básicos: um protetor solar para o rosto e viseira. Meu peito (que sempre foi pequeno) não caiu mais do que deveria cair com o passar do tempo. Minha bunda e minhas pernas ficaram muito melhores – pelo menos eu acho.
Agora, falando em pace… É natural a performance diminuir com os anos. Mas quando a gente se conhece bem e treina direitinho ainda dá pra “brincar de se superar” antes que o declínio realmente dê as caras. Minha primeira maratona foi aos 42 anos, com o tempo de 4h04m, em Porto Alegre. Aos 44 anos, busquei uma sub 4h: cravei 3h53m nos 42K de Buenos Aires. E essa tinha sido a minha marca dos sonhos, o auge – que inclusive garantiu índice para minha primeira inscrição na Maratona de Boston em 2012 (pra correr essa prova você tem de obter determinado tempo, conforme sua faixa etária). Acabei não indo para Boston por vários motivos, mas o orgulho de ter conseguido o índice ninguém tirou de mim.
No final de 2016, um ano que teve separação e muitas mudanças na vida, decidi me agarrar à corrida como forma de dar a volta por cima. Perguntei ao treinador se conseguiria fazer uma nova maratona sub 4h. Ele disse que começaríamos os treinos e veríamos isso ao longo dos meses seguintes. Pois eu treinei firme. Não perdi uma sessão. Foquei. Ao mesmo tempo, emagreci um pouco e fiquei forte (com pilates e musculação). Em junho de 2017, em Porto Alegre, corri a maratona feliz como nunca. Completei em 3h40m. Nem nos meus maiores delírios imaginei essa marca. O índice para Boston na minha faixa era 4h00m. Consegui com folga. Estou inscrita para 2018. É mais do que uma marca, uma meta, é algo que transcende, que te lembra o quanto você pode ir além, independente de idade.
Correr não envelhece. O que envelhece é ficar parado, sem sonhos.
* No Instagram você me acha como @yaraachoa e @avidadepoisdos50 😉